Em 18 de Novembro, representantes do Sindppd/RS e do SEPRORGS tiveram a 2ª reunião de negociação da Campanha Salarial 2021/2022. Conforme prometido no encontro anterior, a entidade patronal trouxe a resposta da assembleia das empresas: não querem pagar INTEGRALMENTE o reajuste salarial e dos benefícios pelo INPC, registrado em 11,08% para a data-base da categoria (1º de Novembro). O reajuste pelo INPC trata, somente e unicamente, de repor o que os salários e os benefícios desvalorizaram devido à inflação oficial registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na ata de negociação com o Sindppd/RS, o SEPRORGS registrou: “A recomposição pelo índice solicitado atingiu dois dígitos e neste momento de crise é impraticável, sendo que a recomposição tem que estar em arrimo com a realidade econômica de crise que muitas empresas do setor vivem”. A patronal argumentou que, na assembleia dos empresários, “o entendimento foi unânime entre as empresas [dos mais diversos tamanhos], tanto as que dispõem contratos com pessoas privadas quanto as com entes públicos, que não conseguiram ajustar seus contratos de prestação de serviço com indice postulado pela Categoria Profissional”.
CLIQUE AQUI para acessar a ata da 2ª reunião de negociação entre Sindppd/RS e SEPRORGS
No entanto, colegas do setor privado já confirmaram ao Sindppd/RS que as empresas em que trabalham reajustaram seus contratos pelos menos pelo índice da inflação. Em alguns casos, passaram para valores para além da inflação. Dados divulgados por entidades do próprio setor de TI , como a ASSESPRO/RS e a BRASSCOM, também destoam da conjuntura de crise descorrida pelas empresas representadas pelo SEPRORGS: o faturamento do setor cresceu 10,4% em 2020, e a projeção para este ano é de 14% de avanço. O crescimento foi tanto durante a pandemia da COVID que as entidades alertam para a falta de trabalhadores qualificados a fim de manter o ritmo de crescimento do setor.
Entretanto, este avanço não refletiu em melhoria salarial para os trabalhadores gaúchos, que aparecem na sétima posição entre as maiores remunerações médias do país, com ganhos no valor de R$ 4,3 mil com uma jornada de 44h semanais. E se depender dos empresários do SEPRORGS, ficaremos em situação ainda pior.
ALÉM DE NÃO PAGAR INPC, SEPRORGS QUER RETIRAR DIREITOS DA CONVENÇÃO COLETIVA
Ao contrário dos empresários do SEPRORGS, que disseram estar preocupados com demissões devido à crise, a ASSESPRO/RS estima que 6 mil vagas ainda estão em aberto na TI do estado, além dos 33 mil novos empregos que já tinham sido criados no segundo trimestre deste ano, conforme o IBGE. Mais informações nesta matéria: https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2021/09/com-alta-de-104-no-faturamento-empresas-gauchas-de-ti-dependem-de-capital-humano-para-crescer-cktf0bg9o000a0193donj0q7a.html?fbclid=IwAR1VJ4GdnusYEe8ECRU8fG2S6zUmGXzpGwFRd8AjdNPikcA0PXsPe5Yhomc#:~:text=Com%20alta%20de%2010%2C4,capital%20humano%20para%20crescer%20%7C%20GZH
Além de não pagar o INPC na íntegra, SEPRORGS diz que para não demitir quer negociar uma antiga contrapauta dos empresários que reduz e retira importantes direitos da nossa CCT (Convenção Coletiva de Trabalho). São eles:
1) Reduzir o Adicional Noturno para 20%;
2) Limitar o número de quinquênio a no máximo 3;
3) Reduzir os atuais 11 pisos salariais que constam na CCT para apenas estes 5: auxiliar geral, administrativo, operacional, treinee e técnica;
4) Regionalização dos Pisos e do Auxílio Alimentação, ou seja, diferenciar os valores entre quem trabalha em Porto Alegre e no interior do estado;
5) Aumentar o limite do Banco de Horas para 150h em até 9meses;
6) Estender o Controle Alternativo de Jornada para empresas com 44h semanais (atualmente é permitido para empresas com até 40h semanais);
7) Supressão da ultratividade e de qualquer forma de homologação das rescisões, eis que não encontram mais qualquer respaldo do direito brasileiro;
8) Implementação de cláusula que adeque o auxílio deslocamento no valor de 30% da hora trabalhada.
Nós, trabalhadores, enxergamos o crescimento das empresas e dos ganhos delas a olho nu porque somos nós que produzimos esta riqueza. O discurso de crise e demissão por parte do SEPRORGS não condiz sequer com os dados das próprias entidades patronais da TI, que são seus parceiros, e muito menos com a realidade do setor no RS e no Brasil. A falta de profissional qualificado deve-se muito à desvalorização salarial e à jornada de 44h semanais, o que faz com que trabalhadores se mudem do RS e até mesmo do país.
Está na hora do SEPRORGS parar de pensar só nos seus lucros e avançar junto com o setor da TI, senão será arrastado pela realidade. Nós, TRABALHADORES, precisamos nos unir, pressionar as empresas a fechar acordos logo e com avanços. Não podemos contar com dissídio na Justiça porque isso requer acordo de parte do SEPRORGS, o que dificilmente teremos.
É nós por nós mesmos, colegas! É hora de irmos à luta!
Sindppd/RS
Textos anteriores sobre a Campanha Salarial:
Setor Privado 2021/2022: informe sobre 1ª rodada de negociação com SEPRORGS
SETOR PRIVADO – Campanha Salarial 2021/2022: INPC para data-base em 1º de Novembro fecha em 11,08%
9 Comentários
Mais uma afronta à nossa categoria. Atitude recalcitrante. Como sempre, alinhados a este desgoverno que rasga a CLT. Mas tenhamos calma, 2022 está logo ali na esquina…
Ótima matéria, porém triste realidade dos trabalhadores do RS.
A parte do pessoal se mudar do RS ou mesmo país é a mais pura verdade, tenho vários amigos que já saíram daqui.
Sinceramente, ler essa avaliação do Seprorgs com relação a não aceitar o INPC e ainda mais retirar direitos da CCT, é um soco no estômago.
Durante a pandemia as empresas de tecnologia numa grande maioria cresceu ao invés de regredir, principalmente por conta da necessidade do home office.
Tá na hora de dar um basta nesses casos e omissões, a categoria é desvalorizada ano a ano, sempre cede as chantagens do Seprorgs pra tentar seguir uma via “menos pior” e assim, não prejudicar mais ainda os profissionais, porém há momentos de dizer um basta e pressionar para ter respeito e retorno.
Estamos com uma inflação acima de 2 dígitos, não tem pq as empresas não aceitarem o mínimo para seus funcionários, em SP 40 horas é LEI e cumprida, aqui nem isso se consegue e somos explorados.
Solução é entrar na justiça e aguardar. Inacreditável a postura do sindicato do empresários…dbc, stefanini e outras tantas que estão faturando com a crise, que tentam vir com essa ideia enganosa, beira o ridículo.
Dado o impasse, contamos com nosso sindicato para não abrir mão de nada,
Boa tarde!
Os empresários sempre virão com esse discurso de que não é possível ajustar os salários, ainda mais com percentuais acima de 10%. A empresa que trabalho e que presta serviço para um órgão público, teve seu contrato reajustado em mais de 10% esse ano. Antes mesmo da negociação do dissídio iniciar, eu tentei um reajuste direto com eles, e obviamente que também negaram. Existem muitas vagas mesmo, tenho recebido algumas ofertas, inclusive de empresas de fora do país, e o melhor, ganhando em dólar. Se as empresas do estado não começarem a valorizar mais os profissionais que aqui estão, em pouco tempo irão sucumbir no seu próprio orgulho e ganancia. Penso que temos que bater o pé em 10% no mínimo. Há muitos anos que o dissídio não traz algo plausível para nós trabalhadores. Pra cima deles!
Se não querem repor o % de perda em relação a inflação, a gente pode fazer greve e quem sabe parando as operações das empresas seremos valorizados.
A velha tática do SEPROGS para empurrar com a barriga o dissídio por meses, e até quem sabe, terminar em ajuizamento na justiça.
O negócio é ir pressionando eles, recolhendo todas as evidências da falta de vontade em realizar a negociação, e postular uma ação judicial para enfim os trabalhadores terem acesso ao MÍNIMO que a lei garante.
O SindPPD não pode recuar. Tem que bater o pé até garantir o que a lei manda. Os empresários irão aprender quando o passivo trabalhista for bem grande, e eles terem que suar para pagar todos os funcionários.
E os trabalhadores não tenham medo de demissão. Empresa só demite quando não há demanda. E no caso da TI, o crescimento é admirável até em tempos de pandemia.
Interessante que eles falam de crise e que é impraticável dar este reajuste. Mas praticamente todas estão em crescimento e com muito lucro.
E em distribuição de lucros ninguém fala.